As conclusões, que são parte de um artigo publicado em 2001 pelo periódico Cancer Causes and Control, foram divulgadas pelo Hospital A.C.Camargo, um dos maiores centros de tratamento oncológico da América Latina. De acordo com o cirurgião José Magrin, da instituição, o risco se deve à ação do próprio álcool ou de seus subprodutos sobre a camada de células que reveste órgãos como a laringe, a faringe e a amídala.
O médico Luiz Paulo Kowalski, diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço do A.C.Camargo, alerta também para o risco gerado pelo tabagismo. “A possibilidade de câncer de laringe sobe ao menos cinco vezes para as pessoas que fumam e fica entre oito e 11 vezes maior para quem fuma cigarro industrializado, cigarro de palha ou cachimbo", alerta o especialista.
Em pesquisa que contou com sua participação, ficou claro que esse risco diminui consideravelmente entre cinco e dez anos depois que a pessoa para de fumar (no caso do cigarro).
Caso o consumo do cigarro seja associado ao uso de bebidas alcoólicas, o risco pode ser até 140 vezes maior comparado a uma pessoa que não fuma e não bebe. Outros fatores de risco são poluição do ar, infecção por HPV, refluxo gastresofágico, algumas exposições ocupacionais, como inalação frequente de produtos químicos.
O tabagismo e o consumo de álcool, somados à poluição, faz com que a cidade de São Paulo tenha uma incidência três vezes maior de câncer de laringe do que a média mundial.
Outro fator de risco associado a esse tipo de câncer é a hereditariedade, algo que não pode ser evitado. Quem tem um parente de primeiro grau - pais, irmãos ou filhos - com um tumor maligno em qualquer parte do corpo corre risco de 1,2 a 2,4 vezes maior de desenvolver câncer de cabeça e pescoço.
Essa possibilidade varia bastante dependendo da localização do tumor e da relação de parentesco: se o familiar tiver um câncer de cabeça e pescoço, o risco é 3,7 vezes maior e pode chegar a 8,5 vezes caso a pessoa afetada seja um irmão ou uma irmã, segundo uma análise de pesquisadores destes centros publicada no International Journal of Cancer.
Os tumores de cabeça e pescoço também podem ser relacionados à exposição excessiva ao sol (que causa a doença na pele e nos lábios). Estudos recentes ainda associam o aumento de casos à infecção pelo vírus HPV.
Os especialistas do A.C. Camargo também ressaltam que quase metade das pessoas com tumores de cabeça e pescoço sofre de depressão - e uma em cada cem chega a tirar a própria vida - a segunda maior taxa de suicídio entre os portadores de câncer.
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