sábado, 21 de abril de 2012

Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade é lançado no Senado


“O conhecimento seguro sobre a nossa biodiversidade é fundamental para a estruturação de uma economia verde. Não se pode explorar aquilo que não se conhece”, sustentou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, no lançamento do Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). A iniciativa foi lançada, nesta terça-feira (17), em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal. 
A iniciativa objetiva garantir o uso de dados sobre a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros na elaboração e na implementação de políticas, facilitando e integrando a informação sobre o tema na tomada de decisão e nos processos de desenvolvimento de políticas públicas. Conta com US$ 28 milhões (US$ 20 milhões do MCTI e US$ 8 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente, o GEF, na sigla em inglês), conforme destacou Raupp.
O propósito é consolidar a infraestrutura, os instrumentos, as ferramentas e a tecnologia necessários para qualificar, reunir e disponibilizar online e gratuitamente a informação de biodiversidade contida em coleções de recursos biológicos do país, além de fortalecer as capacidades institucionais para garantir a atualização dos dados e o desenvolvimento de produtos e serviços. 
Em sua explanação, o ministro lembrou que o Brasil é o país com a maior diversidade biológica do planeta, abrigando cerca de 13% de toda biodiversidade conhecida. “O nosso objetivo é consolidar toda essa biblioteca da vida", disse Raupp. "O SiBBr permitirá identificar as melhores opções para a conservação e uso sustentável da biodiversidade brasileira, com impactos positivos para o meio ambiente global", acrescentou. O projeto é coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com recursos do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), do Banco Mundial.

Estratégia

           Raupp ressaltou ainda que a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Encti) para o período 2012-2015 projeta quatro grandes linhas norteadoras e ações transversais em biodiversidade, voltadas a fomento, conhecimento, monitoramento, manejo, valoração de bens e serviços, mitigação e adaptação a impactos ambientais. 
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, destacou a importância do sistema, que vai integrar os bancos de dados dispersos pelo país. “Esse projeto é de enorme importância para as ações estratégicas do ministério. Vai prestar serviço muito relevante como um grande catalisador, para tornar essa informação transparente e somar valor aos esforços existentes”, afirmou. 
Segundo a diretora do SiBBr, Mercedes Bustamante, o projeto começou a ser desenvolvido em meados de 2011, quando foi criado um comitê técnico consultivo com a participação de órgãos como Ministério do Meio Ambiente, Embrapa, IBGE, Jardim Botânico (RJ), USP e institutos de pesquisa ligados ao MCTI (RNP, LNCC, MPEG, Inpe, Inpa). 
“A ideia é ter, nos próximos dois anos, uma participação efetiva da comunidade científica e de instituições que lideram iniciativas semelhantes para a estruturação do projeto. Esperamos que, no início de 2013, possamos estar com alguns produtos do sistema disponíveis para o grande público”, disse Mercedes, que é também diretora da secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento.
A audiência de lançamento no Sendo teve a presença da representante Nacional do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Denise Hamú, do secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Roberto Cavalcanti, do presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, senador Rodrigo Rollemberg, de pesquisadores e de parlamentares.
                                                                                                                                            
Matéria atualizada em 17/04/2012



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Taxonomia em barras





Utilizando técnica de DNA barcoding, cientistas pretendem catalogar 10% das espécies biológicas do Brasil em quatro anos (Foto: CBOL)

Por Fábio de Castro
Em 250 anos de prática taxonômica os cientistas descreveram cerca de 1,7 milhão de espécies de seres vivos. Mas estima-se que cerca de 87% das espécies existentes ainda são completamente desconhecidas, de acordo com o professor Cláudio Oliveira, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.
Segundo ele, o Brasil está contribuindo para diminuir essa imensa lacuna do conhecimento com o uso da técnica de DNA barcoding – ou código de barras de DNA – que vem se estabelecendo como um padrão global para a identificação de espécies biológicas.
Durante o 7º Simpósio do Programa BIOTA-FAPESP, realizado na semana passada em São Carlos (SP), Oliveira afirmou que, utilizando a técnica de DNA barcoding, a Rede de Pesquisa de Identificação Molecular da Biodiversidade Brasileira (BR-BoL) deverá catalogar 120 mil exemplares de 24 mil espécies em quatro anos.
A rede, coordenada por Oliveira, tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e integra o projeto internacional Barcode of Life (“Código de Barras da Vida, ou iBOL, na sigla em inglês), iniciado em 2004. Os dados coletados são inseridos na base de dados Barcode of Life Data Systems (Bold, na sigla em inglês).
“O objetivo é que, em quatro anos, sejam catalogados 120 mil exemplares na base Bold. Nossa estimativa é que isso corresponda a cerca de 10% da biodiversidade brasileira”, disse Oliveira.
Segundo ele, atualmente são conhecidas – isto é, possuem nome científico – cerca de 50 mil espécies de vertebrados, 800 mil espécies de insetos, 200 mil espécies de plantas com flores. Mas os números das espécies desconhecidas são muito mais impressionantes.
“Estima-se que o número de espécies ignoradas seja da ordem de 10 vezes o número das espécies identificadas taxonomicamente. Os vertebrados são até bem conhecidos: calcula-se que a taxa de desconhecimento seja de apenas 7%. Mas essa taxa é de 15% para as plantas, 65% para moluscos, 80% para protozoários, 90% para insetos e 99% para bactérias, por exemplo. Por isso é fundamental ter um método simples e eficaz de identificação, como o DNA barcoding”, afirmou.
A base Bold tem catalogadas, atualmente, mais de 106 mil espécies descritas em mais de 1,2 milhão de registros de código de barras. O processo é rápido, já que começou há apenas cinco anos. Mas a principal característica é a confiabilidade: com a técnica, os cientistas têm mais de 90% de chance de identificar com precisão as espécies.
“A base Bold preza muito pela qualidade dos dados. Para cada indivíduo há duas páginas de informação e não se trata de informação estática. Se identificamos uma sequência idêntica à que está na base, mas verificamos que o organismo é outro, podemos fazer reparos nos dados. Assim, o crescimento da base de dados apura sua qualidade progressivamente”, disse Oliveira
Erro histórico corrigido
Durante o evento, que foi realizado em conjunto com a 7ª Reunião de Avaliação do Programa BIOTA-FAPESP e a Reunião de Avaliação do BIOprospecTA, Oliveira apresentou uma conferência sobre a aplicação do DNA Barcoding no estudo comparativo de faunas.
Ele descreveu um estudo realizado por seu grupo que, graças à técnica do DNA barcoding, foi capaz de revelar e corrigir um erro taxonômico histórico. Em artigo publicado na revista Zootaxa, os cientistas revelaram que existiam dois nomes para uma única espécie de tainha.
O projeto “Filogeografia das espécies de tainha Mugil liza e Mugil platanus, tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
“A espécie Mugil liza foi identificada em 1836 em Maracaibo, na Venezuela. Em 1880 foi identificada a suposta espécie Mugil platanus, em Buenos Aires, na Argentina. Mas no DNA barcoding, as espécies diferentes de tainha apresentam uma distância genética de quase 20%. Entre a liza e a platanus havia uma distância genética de apenas 0,2%”, explicou o pesquisador.
Antes do estudo, considerava-se que a tainha encontrada entre a Venezuela e Cabo Frio (RJ) eraMugil liza e, dali até a Argentina, o Mugil platanus. Ambas apresentavam, de fato, algumas diferenças morfológicas. 
“A análise genética mostrou que as diferenças eram um polimorfismo ocasionado pela variação da temperatura da água. Essa diferença não tem validade do ponto de vista taxonômico. Trata-se de uma única espécie distribuída no Oceano Atlântico em toda a América do Sul. Em 2010, descrevemos a espécie com seu verdadeiro nome: Mugil liza”, disse Oliveira.
O cientista também coordena o Projeto Temático “Biodiversidade e relações filogenéticas dos gêneros Astyanax, Hemigrammus, Hyphessobrycon e Moenkhausia”, financiado pela FAPESP. 
 


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Curso Internacional de Sementes: Fisiologia e Produção

Acontecerá a partir do dia 24 ao 26 de abril de 2012 o Curso Internacional de Sementes: Fisiologia e Produção.
Esse curso pretende oferecer a estudantes (graduação e pós-graduação), pesquisadores e profissionais da indústria de sementes uma atualização na área com a apresentação e discussão de técnicas atuais (fisiológicas e moleculares) para pesquisas e para a determinação da qualidade fisiológica de sementes.
 O curso também objetiva apresentar e discutir técnicas utilizadas para a melhoria na produção quantitativa e qualitativa de sementes. Os temas discutidos serão abordados por profissionais com reconhecida competência nacional e internacional em suas áreas de atuação.

Maiores informações: FEPAF


Transgênicos geram retorno de até R$ 3,59 para cada R$ 1 investido na semente


          Em matéria publicada Sexta-Feira, 13 de Abril de 2012, às 21:01 pela Barcelona Soluções Corporativas é dito que para o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM), o engenheiro agrônomo e produtor Narciso Barison Neto, poder contar com esse tipo de estudo para auxiliar na tomada de decisão é um diferencial.



          De acordo com o estudo, a cada R$ 1 investido em biotecnologia na saca de sementes em 2011 o produtor obteve, em média, R$ 2,61 de retorno adicional na produção de milho, R$ 1,59 na de soja e R$ 3,59 na de algodão.
         “Pela primeira vez conseguimos calcular o ganho sobre a margem operacional da produção. Com isso, foi possível trazer os benefícios econômicos para uma realidade bem mais próxima do agricultor brasileiro”, explica Anderson Galvão, sócio-diretor da Céleres e coordenador do estudo econômico.
            Para o presidente da ABRASEM, o engenheiro agrônomo e produtor Narciso Barison Neto, poder contar com esse tipo de estudo para auxiliar na tomada de decisão é um diferencial de grande valor para a competitividade do agricultor brasileiro. “Diante da necessidade de alimentar uma população que logo ultrapassará a barreira dos 10 bilhões de pessoas no mundo, é fundamental que o Brasil consolide sua posição de celeiro do mundo. E, para aumentar a produção sem abrir novas áreas, investir em biotecnologia agrícola é o caminho mais lógico”, afirma.

Benefícios ambientais

           Ao analisar os resultados acumulados no Brasil desde 1997 até 2011 e projetar a evolução para os próximos 10 anos, o estudo também avaliou os benefícios da biotecnologia para o meio ambiente e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. A redução do uso de água decorrente da menor necessidade de   aplicações de defensivos e de variedades mais resistentes a pragas, por exemplo, pode evitar o uso de 149 bilhões de litros de água nos próximos 10 anos, aponta o estudo. É um volume suficiente para abastecer 3,4 milhões de pessoas.
         
A redução no número de aplicações de defensivos necessárias nas lavouras, no mesmo período, equivale a 3,8 milhões de toneladas de CO2 que não serão emitidas na atmosfera. A economia de combustível também é significativa: equivalente ao necessário para abastecer 516 mil camionetes (o tipo de veículo mais comum nas lavouras).
            “A agricultura gera impacto ambiental, e é importante poder mensurar a médio e longo prazos como a biotecnologia pode ajudar a reduzir os efeitos e tornar o agronegócio cada vez mais sustentável”, analisa Paula Carneiro, diretora da Céleres Ambiental e coordenadora do estudo socioambiental.

Apoio à tomada de decisão do agricultor

       Além de patrocinar o estudo, a ABRASEM pretende levar essas conclusões para todos os agricultores brasileiros. “Precisamos fomentar o uso de todas as formas de tecnologia na agricultura no Brasil”, defende o presidente da entidade. Segundo ele, o estudo serve para auxiliar o produtor a tomar sua decisão.
      A análise da Céleres mostra que, em 10 anos, a biotecnologia renderá um acumulado de US$ 124 bilhões para a agricultura brasileira. “Mas ainda mais importante do que isso é mostrar que 84% desse valor ficará nos bolsos dos produtores brasileiros”, observa Barison. “Podemos nos tornar mais competitivos, produzir mais, reduzir o impacto ambiental e, ainda assim, ganharmos mais dinheiro”.
          Galvão, da Céleres, explica que, desse total de US$ 124 bilhões, 58% virá do milho, 34% da soja e 8% do algodão. “De fato, o milho GM no Brasil é talvez o exemplo mais bem sucedido de adoção de biotecnologia no mundo. O cereal precisou de apenas quatro safras para atingir o mesmo nível de adoção que a soja, que demorou 10 anos para que três quartos da área fossem cultivados com transgênicos”. Segundo ele, a área global com biotecnologia cresceu 10% em 2010, mas tem ritmo mais acelerado no Brasil.

Estudo chega à quinta edição

          Esta é a quinta atualização do estudo que acompanha os benefícios da biotecnologia na agricultura no Brasil, realizado anualmente desde 2008 para a Abrasem. A avaliação é dividida entre benefícios econômicos, analisados pela Céleres, e benefícios socioambientais, a cargo da Céleres Ambiental. Os resultados se baseiam em pesquisa de campo e entrevista com mais de 360 produtores de soja, milho e algodão espalhados pelo País. Essas são as três culturas com eventos GM aprovados no Brasil que já estão disponíveis no mercado.
          O estudo sempre consolidou os benefícios no acumulado do País, e esse ano buscou ainda aproximar os resultados ao dia a dia do agricultor. “Mensurar o ganho total para o País é interessante do ponto de vista da Economia, mas a conta que interessa mesmo ao produtor é a de dinheiro no bolso”, observa Galvão.



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