sábado, 1 de outubro de 2011

Revolução feminina, espermatozóides a partir de células tronco?

Em artigo publicado na Nature Methods no dia 29 de setembro de 2011, Natalie de Souza

pesquisadora da Universidade americana de Rockefeller, mostrou com base na reconstituição in vitro do desenvolvimento de células germinativas de camundongo é possível converter uma célula tronco pluripotente nas células germinativas primordiais, e essas podem gerar espermatozoides funcionais in vivo.

Gametas (ovócitos e espermatozoides) são indiscutivelmente um dos tipos celulares mais interessantes do corpo. Para passar o material genético para a próxima geração, essas células muito especializadas devem participar com sucesso do processo de fertilização e, em seguida, dar origem a células pluripotentes que vão para gerar todos os tecidos do corpo, incluindo novas células germinativas.


A capacidade de fazer as células germinativas a partir de células-tronco pluripotentes ajudaria estudos básicos do desenvolvimento da linha germinativa, fornecer uma fonte de células germinativas para o estudo e poderia, em princípio, também ser útil para a reprodução assistida.
Em um artigo publicado recentemente, Mitinori Saitou e colegas da Universidade de Kyoto descrevem métodos para a diferenciação dirigida de células-tronco pluripotentes de células germinativas primordiais (PGCs) no camundongo.

PGCs pode dar origem a ambos os gametas masculino e feminino. No camundongo, elas são derivadas do epiblasto embrionário no início do desenvolvimento. Em trabalhos anteriores, os pesquisadores do grupo Saitou tinha derivado PGCs ex vivo a partir do epiblasto embrionário isolado 5-6 dias após a fertilização.

Embora as células-tronco epiblasticas pareçam inicialmente ser boas candidatas para a geração de PGCs baseada em sua origem biológica no epiblasto embrionário, sabe-se que para esse processo a eficiência é muito baixa. Poderia essa eficiência ser aumentada? Essa é uma pergunta dos pesquisadores.

Este trabalho possui valor imediato para a geração de um grande número de camundongos PGC para a pesquisa básica (Podem ser obtidas muito mais células dessa maneira do que a partir de embriões de camundongo). Mas, além disso, uma das aplicações mais interessantes, apesar de distante no momento, é a possibilidade ter um método robusto e funcional in vitro para a diferenciação de células tronco e a possibilidade desse método ser também utilizado para a geração de gametas a partir de células tronco, também em outras espécies..

De fato, nesta edição da Nature Methods, Jeanne Loring e colegas relatam a derivação de iPSCs de duas espécies de rinocerontes ameaçadas de extinção. Apesar de saberem que a transferência desses conhecimentos obtidos em camundongos para outras espécies será um imenso desafio, é tentador especular que os resultados de Saitou e seus colaboradores poderiam eventualmente ter alguma influência sobre os estudos em outras espécies.


Nature Methods
8,
789
(2011)
doi:10.1038/nmeth.1717
Published online

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nanotecnologias: da ciência ao mundo dos negócios

26/09/2011

Agência FAPESP – O Workshop Nanotecnologias: da ciência ao mundo dos negócios será realizado no dia 3 de outubro, em São Bernardo do Campo (SP).

O evento tem por objetivo estimular a interação entre empresas e a comunidade acadêmica na área de nanotecnologia e é voltado a pesquisadores, empresários de inovação e nanotecnologia, além de estudantes de áreas afins.

A promoção é dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

A programação do encontro inclui, durante a manhã, apresentações de painéis em que serão debatidos gargalos, demandas e recomendações de cientistas sobre a pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia.

No período da tarde serão realizadas cinco discussões simultâneas em áreas temáticas, com participação de pesquisadores de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e de redes de cooperação de pesquisa em nanotecnologia.

Mais informações e inscrições: workshopnano.abdi.com.br

Redação científica ganha site especializado

Redação científica ganha site especializado

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Em sete livros sobre redação e publicação científica, o zoólogo Gilson Volpato sistematizou o conhecimento acumulado ao longo de mais de 25 anos de dedicação ao tema. A partir de agora, os interessados poderão encontrar uma referência permanente sobre o assunto na internet.

Volpato, que é professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), lançou um site que tem o objetivo de oferecer ao público acesso a artigos, dicas e reflexões sobre temas como redação científica, educação e ética na ciência.

No serviço também é possível acompanhar a concorrida agenda de Volpato, que em 2010 apresentou 78 palestras e cursos em todo o Brasil. “Na minha trajetória estou continuamente descobrindo notícias, artigos e outras referências interessantes ligadas à ética da ciência, à publicação e à redação científica. Com base na minha experiência, procurei selecionar esse material, editá-lo e disponibilizá-lo acompanhado de comentários”, disse à Agência FAPESP.

A ideia inicial era lançar um blog, mas a limitação de tempo para a interação constante com os leitores levou o autor a optar por um site. “Além do material proveniente de outras fontes e selecionado, o site permite o download de artigos relacionados aos vários temas que tenho abordado”, disse.

O site se divide nas seções “Ciência”, “Redação Científica”, “Publicação Científica”, “Ética e Moral na Ciência”, “Sociedade”, “Administração” e “Educação”. Em cada uma das seções temáticas há uma lista de livros relacionados ao assunto, artigos, uma série de links para textos externos – com comentários do autor – e uma lista de dicas.

O site também dá acesso a aulas on-line do curso “Bases Teóricas para Redação Científica”, apresentado por Volpato na Unesp. “Por enquanto há 19 aulas disponíveis, mas todo o material já foi gravado. Estou corrigindo detalhes em alguns dos vídeos e em breve todas as 44 aulas estarão no ar”, disse.

Autor do Método Lógico para a Redação Científica, Volpato conta que o conjunto de sua obra procura mostrar que a redação científica deve se pautar pela lógica da pesquisa e não por costumes acadêmicos.

“A redação e a publicação de ciência têm apresentado uma orientação muito técnica, de maneira geral. O que procuro fazer é escapar dessas receitas prontas. Todas as decisões do autor de um artigo devem ser produto da lógica científica e não de regrinhas extraídas dos costumes, que reproduzem e perpetuam equívocos conceituais”, disse.

Em outubro, Volpato publicará o livro Estatística sem dor, em coautoria com Rodrigo Barreto, também professor do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências de Botucatu da Unesp.

Sobre Redação e Publicação Científica, os últimos livros de Volpato foram: Bases teóricas da redação científica ... por que seu artigo foi negado (2007), Pérolas da redação científica (2010), Dicas para redação científica (2010) e Lógica da redação científica(2011).

Redação Científica por Gilson Volpato: www.gilsonvolpato.com.br

Metabiologia e sua relação com a Teoria da Evolução

Agência FAPESP – A Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) receberá, nos dias 26 e 27 de setembro, o matemático Gregory John Chaitin, para proferir uma conferência sobre metabiologia e sua relação com a Teoria da Evolução, de Charles Darwin.

Um dos pioneiros na área da teoria da informação algorítmica, Chaitin não se conformava que a Teoria da Evolução não pudesse ser explicada por equações. Para isso, ele utilizou a metabiologia – uma área que faz a conversão da tecnologia da informação com a biologia, estudando a mutação aleatória por meio de um software.

“O que ele propõe é usar uma ferramenta já consolidada na matemática e na computação em outro campo, como a biologia”, disse o professor Ricardo Luis de Azevedo da Rocha, do Departamento de Engenharia de Computação da Poli, que está promovendo a vinda do cientista.

Segundo Rocha, esse novo campo do conhecimento, se bem-sucedido, poderá ter implicações profundas na ciência. “Um exemplo radical seria interferir no processo evolutivo para determinar características hereditárias.”

“Isso possibilitaria preparar organismos para enfrentar situações adversas; com a diferença que os cientistas saberiam exatamente como fazer isso”, apontou.

O pesquisador lembra que a maioria das conquistas atuais da biotecnologia é obtida em cima de tentativas empíricas. “Sabe-se muito pouco ainda sobre o processo evolutivo e o papel da mutação genética nesse processo; daí a importância desse novo campo do conhecimento, em especial para matemáticos, engenheiros da computação e biólogos”, disse.

Ex-pesquisador do Centro de Pesquisa da IBM, Chaitin é doutor honoris causa da Universidade do Maine, nos Estados Unidos. Ele foi um dos três cientistas responsáveis pela teoria da informação algorítmica, pela qual se mostrou possível utilizar computação na teoria da informação, explicando assim alguns paradoxos lógicos, como o teorema da incompletude de Gödel, por meio dessa teoria.

Foi ainda o descobridor do número Ômega (número real entre 0 e 1) que, de certa forma, recoloca a famosa questão de Einstein “Deus não joga dados” em xeque novamente, desta vez no âmbito da matemática pura. Chaitin está no Brasil como professor-visitante da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A conferência será proferida em inglês, em duas partes: dia 26 de setembro, às 14h30, e dia 27 de setembro, às 9h.

O evento será realizado na sala C1-49 do prédio da Engenharia Elétrica da Poli, localizado na Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 380, na Cidade Universitária, em São Paulo.

As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas em www.poli.usp.br/comunicacao/agenda/eventos/details/426-palestra-metabiology-life-as-evolving-software.html.
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