Em matéria publicada no jornal "The Boston Globe", Lawrence H. Summers, reitor emérito da Universidade de Harvard e ex secretário do tesouro nacional americano mostra sua visão sobre o Futuro da Biotecnologia na Região de Boston nos Estados Unidos.
"VOCÊ NÃO precisa ter a minha idade para lembrar quando a Rota 128 alavancou o "Milagre de Massachusetts" - O boom regional da tecnologia da computação criado pela educação científica de primeira linha e por empreendedores visionários. E você não precisa ser um sobrevivente do cancer (como eu) para ver na pesquisa biomédica contemporânea a perspectiva de milagres na medicina impulsionado pelo boom do Biomédico em Boston.
A pesquisa biomédica tem apresentado progressos sensacionais em salvar vidas e reduzir o sofrimento humano. Nos últimos 50 anos, a expectativa de vida aumento em mais de 3 horas a cada dia. Isso é algo muito real para mim. Eu tive câncer aos 30 anos e fui tratado com sucesso. Posteriormente, pesquisando, descobri que os meus tratamentos tinham sido desenvolvidos há apenas 10 ou 15 anos antes de 1984, quando fui diagnosticado. Tenho grande o sentido muito aguçado da importância do trabalho desenvolvido aqui em Boston. É por isso que investir em ciências da vida era a minha prioridade enquanto eu era reitor da Universidade Harvard e hoje ainda acredito que muito mais pode e deve ser feito para explorar plenamente o potencial da pesquisa biomédica, tanto em Boston, como no mundo como um todo.
Nos oito quilômetros ao redor da praça de Harvard, há mais talentos da pesquisa biomédica do em qualquer outra cidade do mundo. Nossas universidades e hospitais são inigualáveis. Somos centros importantes em biotecnologia e ciências farmacêuticas. E cada vez mais, dentro de nossas universidades e hospitais, criamos instituições que promovem colaboração em apoio a diversas missões que podem mudar o mundo. Eu tive o privilégio de ser reitor durante a criação do Instituto de Célula-Tronco de Harvard, numa época em que o governo estava barrando a pesquisa com células-tronco e ver o início da criação do Instituto Wyss, que combina biologia e engenharia.
Mas ainda há muito mais que pode ser feito se quisermos construir sobre os nossos sólidos alicerces. SIM, a ciência depende das faíscas da criatividade individual. E os negócios dependem do sucesso, visão e motivação dos empreendedores. Mas nenhum gênio, nenhum empresário, nem mesmo qualquer instituição consegue sozinho. Newton uma vez disse que se ele conseguia ver mais longe do que os outros, era porque ele estava sobre os ombros de gigantes.
Precisamos de um ambiente de políticas públicas nesta cidade, neste estado e neste país que apoiem os progressos fundamentais que a investigação biomédica pode trazer. Para Boston, isso significa garantir que, em um momento de grande competição, exista moradia, escolas e redes de transporte que permitam que este seja um lugar muito desejado para se viver a comunidade de estudiosos, cientistas e empresários que podem impulsionar a pesquisa biomédica.
Para este estado, isso significa assegurar um quadro de políticas públicas no qual nossos notáveis hospitais possam crescer, prosperar e ter os recursos necessários para poderem se dedicar ao desenvolvimento dos tratamentos de amanhã e desenvolver a próxima geração de líderes nacionais em saúde. Isso não significa dar cheques em branco para os nossos grandes centros médicos, ou qualquer falta de consciência de custos. Significa reconhecer que a regulamentação pesada imposta ou os regimes de reembolso excessivamente rígidos são erros graves. Qualquer economia de curto prazo seria prejudicada pelos custos a mais longo prazo de colocar em risco nossa liderança nas áreas de assistência ao paciente, educação médica e pesquisa fundamental.
E para o governo federal, precisamos nos comprometer novamente como nação a fornecer o apoio suficiente para aproveitar este momento da pesquisa biomédica. James Watson descobriu a estrutura do DNA quando ele tinha 28 anos. Einstein descobriu a teoria da relatividade quando era ainda mais jovem. É trágico que, por causa das reduções orçamentárias, a idade média em que os pesquisadores biomédicos conseguem seu primeiro finciamento de pesquisa independente é agora acima dos 40.
Não se engane sobre as apostas em tudo isso para a Grande Boston. A primeira, e em última análise, menos importante, é a questão econômica. Se você tivesse perguntado a um grupo de pessoas da Escola de Administração de Harvard, em 1978, onde seria o centro de inovação futura em torno da tecnologia da informação, teria havido uma previsão clara e universal que aconteceria em torno da região de Boston e da rota 128. Mas nós perdemos, não metade, não dois terços, mas essencialmente tudo isso para o Vale do Silício. Por quê? Em parte foi sorte por estar em uma região onde grandes gênios estavam. Em parte pela estratégia universitária adotada: a Universidade de Stanford estava animada com o empreendedorismo enquanto Harvard olhava apenas o risco de possíveis conflitos de interesse. E também pelas políticas públicas. A inovação empresarial na Costa Oeste estimulou uma cultura que enfatiza uma presunção de permissão ao invés de uma presunção de proibição. Não podemos nos dar ao luxo de repetir nossos erros do passado.
Mas ainda mais importante do que os interesses econômicos, são as vidas que podemos salvar. Embora haja muito a comemorar no que foi realizado em termos do potencial de investigação biomédica para transformar o mundo, eu diria que estamos apenas no segundo ou terceiro turno. Milhões de vidas podem ser salvas nos próximos anos e décadas. Boston pode ser para este século, o que Florença foi para o século XV: não a mais rica nem a mais poderosa, mas a cidade admirada e desejada por sua contribuição para o pensamento humano, onde brilha a luz ainda mais brilhante para futuro."
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