
Neste contexto, a conferência "Comparative Genomics of Eukaryotic Microorganisms: Understanding the Complexity of Diversity", promovida pela EMBO (Organização Européia de Biologia Molecular, na sigla em inglês), tem um alto valor agregado no que diz respeito à complementação de formação profissional e divulgação científica. O evento, realizado entre 15 e 20 de outubro deste ano, na Espanha, abordou grandes questões evolucionárias, tais quais a formação de um eucarionte, o surgimento da multicelularidade, a evolução da reprodução, patogênese, entre outras. Além disso, a conferência tentou inovar discutindo algumas linhas da Árvore Genealógica Eucarionte (TOL, na sigla em inglês), que recebiam pouca atenção da academia até então.

A comunidade científica presente foi muito significativa, incluindo pesquisadores de todo o planeta com grande renome neste campo de pesquisa. Nomes vindos da própria Espanha, dos Estados Unidos, Canadá, Bélgica, França, Reino Unido, Suécia, Alemanha e outros ministraram mais de quinze sessões de palestras durante os cinco dias de evento. Entre estas sessões, jovens pesquisadores apresentavam seus trabalhos em forma de painel, e entre eles estava Fernanda Cristina Costa, aluna de doutorado, orientada pelo Professor Otávio Thiemann, do grupo de Cristalografia do IFSC. Fernanda formou-se em Biologia pela Universidade Federal de São Carlos, mas trabalha no grupo desde sua Iniciação Científica. Atualmente, está matriculada no curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Genética e Evolução da UFSCar, no qual Thiemann é credenciado.


Mais especificamente, o trabalho que desenvolve junto ao Prof. Thiemann e à pós-doutoranda Teresa Cristina Leandro de Jesus tem grande interesse nas funções e na evolução da selenocisteína – um tipo de aminoácido que não é codificado no código genético como os outros tipos –, além das selenoproteínas nestes microorganismos e na maneira como isso está relacionado à evolução dos eucariontes e suas interações com os seus hospedeiros.
A sensibilidade da pesquisadora ainda a levou além: neste evento, devido à perfeita adequação de sua linha de pesquisa ao tema proposto pelo evento, à responsabilidade social e ao bom desenvolvimento da pesquisa, o trabalho intitulado "Selenocysteine Synthesis and Selenoproteome of Trypanosoma brucei" foi agraciado com o prêmio de melhor trabalho apresentado no evento, um reconhecimento importante para quem se arrisca em uma área relativamente nova.
"Apresentar o trabalho me permitiu ampliar a visão sobre este campo de pesquisa e compartilhar meus dados com outros pesquisadores", afirma Fernanda. "Conhecer pessoas que compartilham dos mesmos interesses profissionais e coordenadores de grupos de pesquisa, com quem possa trocar idéias sobre minha pesquisa, é importante para construir uma rede de contatos científicos – essencial em carreiras acadêmicas – e trabalhar em colaborações futuras", completa ela.
Este é um exemplo que deve desinibir alunos que, por algum motivo, se privam da oportunidade de divulgar suas pesquisas no exterior. O Brasil tem sido muito bem-vindo e bem visto em eventos internacionais, destacando-se através de pesquisas com fim social e descobertas e aplicações de impacto na academia e na sociedade. Atualmente, muitas oportunidades têm sido reveladas e oferecidas a jovens pesquisadores. Se você é aluno, fique ligado nos grandes encontros científicos em sua linha de pesquisa, participe e arrisque para se inserir na dinâmica acadêmica e deixar sua marca.
Fonte: IFSC
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