segunda-feira, 10 de setembro de 2012

‘Ciência sem Fronteiras’ – importações ainda são um impasse



















Essa iniciativa que tem merecido destaque da imprensa  e apoio da presidente Dilma foi aplaudida por todos os cientistas e por aqueles que acreditam que o desenvolvimento de um país passa pela ciência e tecnologia. A ciência não possui fronteiras. Ela é universal. O programa “Ciência sem Fronteiras” prevê a ida de 100.000 estudantes brasileiros para universidades do exterior nos próximos anos. A expectativa é que ao voltarem, eles tragam na bagagem novas tecnologias, novas maneiras de pesquisar e impulsionar a ciência e o estabelecimento de intercâmbio científico com  laboratórios internacionais. Do mesmo modo que a presidente Dilma afirmou recentemente que incentivos fiscais serão dados a empresas brasileiras para gerar empregos, esse apoio prevê a formação de jovens cientistas que possam ter impacto na ciência brasileira.
Entretanto, para que esse programa possa ter sucesso dois aspectos são fundamentais:

1) Deve haver critérios científicos muito bem embasados para selecionar os estudantes, os laboratórios que vão recebê-los no exterior e os projetos de pesquisa. A recusa do CNPq em apoiar certos projetos ou  dar bolsas a alguns estudantes tem se baseado na opinião de  pesquisadores  qualificados que analisam cuidadosamente todos esses pontos. Além disso, temos visto casos de estudantes brasileiros radicados no exterior, que não têm nenhuma intenção de voltar ao Brasil, mas veem nessas bolsas a possibilidade de receber um auxílio adicional em condições muito menos competitivas que as exigidas no primeiro mundo.

2) Ao voltar, os estudantes precisam encontrar no Brasil laboratórios com condições comparáveis às do exterior para desenvolver suas pesquisas. Caso contrário todo o investimento terá sido inútil. Nesse sentido, um aspecto fundamental refere-se à agilidade para importar insumos para pesquisas. Temos batido nessa tecla repetidamente. Várias iniciativas positivas já  foram tomadas pelos órgãos públicos e agências de fomento, mas ainda estamos longe do ideal. Continuamos com grandes empecilhos. Algumas medidas muito simples poderiam fazer uma enorme diferença e o melhor de tudo, gerar uma enorme economia não só de tempo, mas também de recursos. Poderíamos fazer muito MAIS com MENOS.

COMO DEVERIAM SER AS IMPORTAÇÕES DE INSUMOS PARA PESQUISA CIENTÍFICA?

Quais são os entraves? 

O Brasil que destaca-se mundialmente pela eficiência em programas de votação ou declaração de imposto de renda por meio eletrônico ainda usa  papel, carimbos e assinaturas (do pesquisador responsável e do dirigente da instituição) para autorizar cada reagente a ser importado para projetos de pesquisa. Isso, sem falar dos despachantes e burocracias para liberar os produtos da alfândega. Ou das greves que paralisam tudo. Gasta-se muito mais tempo para viabilizar uma pesquisa do que para executá-la. É dificil de acreditar, não?  Com isso insumos requeridos para experimentos científicos inovadores – que chegam em apenas algumas horas às mãos dos pesquisadores no primeiro mundo, permitindo que testam imediatamente suas ideias -  levam semanas e às vezes meses para chegar aos laboratórios brasileiros. Como competir com laboratórios internacionais de ponta quando a rapidez na pesquisa é crucial? Impossível.

Como mudar esse quadro? Qual é a receita?

É muito simples.

1)  Todos os pesquisadores brasileiros nas universidades ou institutos de pesquisas estão cadastrados no sistema Lattes do CNPq, uma plataforma excelente.  Basta colocar o nome e aparece a sua biografia científica e linhas de pesquisa.

2)  Com raras exceções, os reagentes necessários para as pesquisas são conhecidos, catalogados e já aprovados por agências reguladoras nacionais e  internacionais. Bastaria ter uma lista de todos eles em bancos de dados acessíveis para qualquer pesquisador, via internet.

3)  As agências financiadoras ao apoiar e destinar recursos aos projetos de pesquisas alocam um certo montante para material importado. Porque não vincular esse valor a um cartão de crédito com o nome do pesquisador responsável  no mesmo limite aprovado para pesquisa?
Como seria na prática o programa ?

Toda vez que um pesquisador – já cadastrado – precisasse de um reagente bastaria colocar o nome do produto  e solicitar sua importação. O programa “importe-pesquisa” ou “ reagentes sem fronteiras” localizaria o código do material, o fabricante e deduziria o valor do total de verbas de importação do pesquisador. E o melhor de tudo. O produto poderia ser entregue diretamente ao pesquisador pelo fabricante, no seu laboratório, sem ter que passar por alfândega, despachante e outros entraves burocráticos. Do mesmo modo que se importam livros.
Quais seriam as vantagens?

Além da agilidade para importar material de pesquisas esse sistema poderia gerar uma grande economia não só dispensando os agentes intermediários, mas permitindo que se importasse somente o reagente necessário para aquele experimento, sem necessidade de estoques, perda de material etc..  Cada pesquisador seria o responsável pelos insumos importados.

Presidente Dilma, dê um voto de confiança aos cientistas brasileiros

Repito aqui um apelo que  já fiz várias vêzes:  presidente Dilma, dê um voto de confiança aos pesquisadores. Tenho certeza que essas medidas, se implementadas, serão aplaudidas por todos os cientistas brasileiros e por aqueles que lutam por um país melhor. Elas poderão ser fundamentais  para que o programa “Ciência sem Fronteiras” alcance os objetivos desejados e resulte em um salto qualitativo na ciência e tecnologia do Brasil.

Por Mayana Zatz para a Revista Veja.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Estudantes de graduação em Biotecnologia da UFSCar destacam-se no programa Ciência sem Fronteiras





          Os estudantes do curso de graduação em Biotecnologia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UFSCar, criado em 2009 no âmbito do Reuni, estão obtendo destaque no pleito de bolsas de Graduação Sanduíche pelo programa Ciência sem Fronteiras. Ao todo, 10 estudantes do curso já foram aprovados pelas universidades estrangeiras que os receberão através do Programa e 8 estão na fase final do processo de seleção, aguardando somente as cartas de aceite das universidades no exterior. Há também três estudantes que participaram de um programa de estágio no Canadá durante dois meses e retornam ao Brasil nos próximos dias. Vale lembrar que esse número pode aumentar, uma vez que estão abertos outros editais de seleção no Ciência sem Fronteiras, com participação de estudantes do curso de Biotecnologia.
         O curso de graduação em Biotecnologia vinculado ao CCBS, que anualmente oferece 40 vagas para novos estudantes, formará sua primeira turma no final deste ano. Alexander Rodrigo Ferreira, aluno dessa primeira turma, estudará pelos próximos 14 meses na State University of New York, nos Estados Unidos. Para o jovem, esta é uma oportunidade ímpar de conhecer diferentes maneiras de lidar com as ciências e, também, de contribuir para o avanço da pesquisa científica no Brasil “Fazer uma parte da minha graduação no exterior me dará a possibilidade de entrar em contato com novas tecnologias, novas formas de pensar, e de me formar um profissional com uma vivência diferenciada. Espero utilizar essa experiência para contribuir com a pesquisa nos laboratórios da Universidade, e com a região de São Carlos também. Vou conhecer como a ciência é feita no exterior e pensar formas de aplicá-la no meu país”, avalia Ferreira.
         O coordenador do curso, Iran Malavazi, docente do Departamento de Genética e Evolução, avalia que o reconhecimento internacional dos estudantes é um indicador do sucesso do curso, que propõe um modelo ousado de multidisciplinaridade. “O curso possui disciplinas em várias áreas, abrangendo fundamentalmente os conteúdos das áreas de Exatas e Biológicas. Os nossos estudantes escolhem onde querem se inserir, e essa abrangência nos dá grandes possibilidades de inserção. Estamos formando profissionais com alta competitividade no âmbito nacional, e a formação da primeira turma, no final deste ano, consolida a concepção do curso e nos mostra que estamos no caminho certo. O Ciência sem Fronteiras é um programa competitivo, que busca selecionar os melhores estudantes do País para estudarem nas melhores universidades do mundo, e termos um índice de aprovação tão alto entre os nossos alunos é com certeza um termômetro do nosso sucesso.”
        Para obter mais informações sobre editais e os processos de seleção do Ciência sem Fronteiras, visite a página da Secretaria de Relações Internacionais da UFSCar, em www.srinter.ufscar.br.


        Além disso, visando fortalecer a integração entre os estudantes de Biotecnologia que estão indo para o exterior pelo Ciência Sem Fronteiras ou por outros programas, foi criado a grupo no Facebook “Biotechnology without Borders”. Isso nos dá uma motivação nova a cada dia e nos faz ficarmos gratos em estar participando do avanço da Biotecnologia e da Ciência de nosso país.
        Fique ligado às novidades do Blog da Biotecnologia pois não ficaremos fora dessa e acompanharemos de perto como é essa experiência internacional ainda dentro da graduação.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

MANIFESTO DA SBG SOBRE CIÊNCIA E CRIACIONISMO


Sociedade Brasileira de Genética (SBG) vem a público comunicar que não existe qualquer respaldo científico para ideias criacionistas que vêm sendo divulgadas em escolas, universidades e meios de comunicação. O objetivo deste comunicado é esclarecer a sociedade brasileira e evitar prejuízos no médio e longo prazo ao ensino científico e à formação dos jovens no país.
           A Ciência contemporânea é a principal responsável por todo o desenvolvimento tecnológico e grande parte da revolução cultural que vive a sociedade mundial. A Biologia do século XXI começou a se fundamentar como uma Ciência experimental bem estabelecida com a publicação das primeiras ideias sobre Evolução Biológica por Charles Darwin e Alfred Wallace, em meados do século XIX. Esta Teoria científica unifica todo o conhecimento biológico atual em suas várias disciplinas das áreas da saúde, ambiente, biotecnologia, etc. Além disso, a Teoria Evolutiva explica, com muitas evidências e dados experimentais, a origem e riqueza da biodiversidade, incluindo as espécies existentes e extintas, de nosso planeta.
           Como as Teorias de outras áreas da Ciência, como Física (Gravitação, Relatividade, etc) e Química (Modelo Atômico, Princípio da Incerteza, etc), a Evolução Biológica está fundamentada no método científico, investigando fenômenos que podem ser medidos e testados experimentalmente. O processo científico é contínuo, incorporando constantemente as novas descobertas e aprofundando o conhecimento humano sobre os seres vivos, a Terra e o Universo. É isso que temos visto acontecer com o estudo da Evolução Biológica nos últimos 150 anos, período no qual uma enorme quantidade de dados confirmou e aprimorou a proposta original de Darwin e Wallace.  No entanto, as perguntas e as causas sobrenaturais não fazem parte do questionamento hipotético e nem das explicações em todas as Ciências experimentais modernas. Por exemplo, a pergunta “Deus existe?” pode ser discutida por filósofos e cientistas (como pessoas com diferentes crenças, opiniões e ideologias), mas não pode ser abordada e respondida pela Ciência.
           Frequentemente são divulgados fenômenos que não podem ser explicados por uma Ciência devido a limitações do conhecimento no século XXI, tal como a gravidade no nível atômico, algumas propriedades da molécula da água ou a evolução das primeiras formas de vida há mais de 3,5 bilhões de anos. Para temas como estes, algumas pessoas argumentam com variantes de uma clássica falácia: “se a Ciência não explica, é porque a causa é sobrenatural”. Este argumento é utilizado por inúmeros criacionistas, incluindo os adeptos da Terra Nova, da Terra Antiga e da crença do Design Inteligente. Curiosamente, algumas dessas versões criacionistas se apresentam ao grande público como produto de “estudos científicos avançados”, como se fossem parte da atividade discutida em congressos científicos em diversos países, no Brasil inclusive. Nessas versões, a Teoria Evolutiva é deturpada, como se pouco ou nenhum trabalho científico tivesse sido efetuado desde sua proposta há mais de 150 anos, demonstrando um total desconhecimento dos milhares de resultados e evidências que consolidam essa Teoria. Alguns raros criacionistas são cientistas produtivos em suas áreas específicas de atuação, que não envolvem pesquisas na área da Evolução Biológica. Mas quando abordam o criacionismo, falam de sua crença particular e não das pesquisas que estudam e publicam. Como perguntas e explicações criacionistas não podem ser testadas pelo método científico, estes pesquisadores estão apenas emitindo uma opinião pessoal e subjetiva, motivada geralmente por uma crença religiosa.
            Com o objetivo de informar à sociedade, inúmeros cientistas, filósofos e educadores da área biológica têm apresentado várias críticas substantivas às diferentes versões criacionistas, demonstrando seus alicerces na crença e não no questionamento científico, erros elementares e significativas falhas conceituais em sua formulação, a falta de evidências, assim como deturpações dos fatos e métodos científicos. Essas críticas têm sido divulgadas no Brasil e em vários países, sendo que algumas podem ser lidas nos sites da internet indicados abaixo. Reconhecendo que a divulgação destas ideias criacionistas representa uma deterioração na qualidade do ensino de Ciências, a Sociedade Brasileira de Genética (SBG) vem aqui ratificar que a Evolução Biológica por Seleção Natural é imensamente respaldada pelas evidências e experimentações nas áreas de Genética, Biologia Celular, Bioquímica, Genômica, etc. Além disto, reiteramos que, como qualquer outra Teoria científica, a Evolução Biológica tem sido remodelada com a incorporação de várias novas evidências (incluindo da área de Genética), tornando suas hipóteses e explicações mais complexas e robustas a cada ano, desde a primeira publicação de Charles Darwin em 1859.
           Esta manifestação da SBG visa comunicar de forma muito clara à Sociedade Brasileira que não existe qualquer respaldo científico para ideias criacionistas (incluindo o Design Inteligente) que têm sido divulgadas em algumas escolas, universidades e meios de comunicação. Entendemos que explicações baseadas na fé e crença religiosa, e no sobrenatural podem ser interessantes e reconfortantes para muitas pessoas, mas não fazem parte do conteúdo da pesquisa ou de disciplinas científicas nas áreas de Biologia, Química, Física etc. Ao lado do respeito à liberdade de crença religiosa, deve ser também observado o respeito à Ciência que tem enfrentado todo tipo de obscurantismo político e religioso, de modo similar às situações vividas por Galileu Galilei e o próprio Charles Darwin. Mesmo com toda a limitação do método científico e dos recursos tecnológicos em cada época, a Ciência alargou o conhecimento humano e o entendimento científico dos mais diversos fenômenos. A SBG reitera os princípios que vem defendendo ao longo de seus 58 anos de existência e reafirma que o ensino da Ciência, em todos os níveis, deve se dedicar à sua finalidade precípua, em respeito ao ditame constitucional da qualidade da educação, sem deixar-se perverter pela pseudociência e pelo obscurantismo político ou religioso.
Alguns criacionistas também utilizam o argumento de que a Ciência brasileira é retrógrada (ou “tupiniquim”, como a chamam), afirmando que o criacionismo é “aceito” no exterior, mas a Ciência é unânime em todos os países sobre este assunto, o que pode ser verificado no final deste documento em vários textos parecidos com este, sancionados por organizações científicas e educacionais de várias partes do mundo.
            Concluímos que, embora o criacionismo possa ser abordado como explicações não científicas em disciplinas de religião e de teologia, estas versões criacionistas não podem fazer parte do conteúdo ministrado por disciplinas científicas. Entendemos que o ensino científico de boa qualidade no Brasil e em outros países depende da compreensão da metodologia científica, de suas potencialidades e de suas limitações, além da discussão de evidências e dados experimentais. No entanto, interpretações e ideias pseudocientíficas (criacionismo, astrologia etc) prejudicam seriamente o Ensino Científico de qualidade e o desenvolvimento do país.

Documentos oficiais divulgados por organizações científicas e educativas
Resolução da Associação Americana para o Avanço das Ciências (AAAS - EUA)
www.aaas.org/news/releases/2002/1106id2.shtml
Texto oficial da National Academies dos EUA que congrega a Academia Nacional de Ciências (NAS), Academia Nacional dos Engenheiros, Instituto de Medicina e Conselho Nacional de Pesquisas 
http://nationalacademies.org/evolution/IntelligentDesign.html
Centro Nacional para Educação Científica (NCSE - EUA)
http://ncse.com/creationism
Academia Australiana de Ciências (Austrália)
http://www.science.org.au/policy/creation.html
Centro Britânico para Educação Científica (Reino Unido) – destacando a estratégia criacionista na imprensa e escolas, tentando deturpar o ensino científico
http://www.bcseweb.org.uk
Sociedade Internacional sobre Ciência e Religião (Reino Unido) 
http://www.issr.org.uk/issr-statements/the-concept-of-intelligent-design
Ensinando Ciência – artigo da UNESCO sobre importância dos princípios e conceitos científicos na educação
http://www.ibe.unesco.org/fileadmin/user_upload/Publications/Educational_Practices/EdPractices_17po.pdf

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Rever a lei de patentes é o principal desafio para o desenvolvimento da biotecnologia brasileira


O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, afirmou nesta quarta-feira, 30, que a aproximação entre a academia e empresa fortalece áreas nas quais o país ainda precisa ser mais expressivo, como a de patentes.
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Objetivo do evento é alinhar atuação da academia às demandas das empresas (Foto: Edson Morais - ACS/Capes)

"É preciso rever a lei de patentes no sentido de torná-la facilitadora, sobretudo para a área de biotecnologia, umas das áreas com o maior potencial de desenvolvimento de patentes. Com essa parceria, a possibilidade de conseguirmos mudanças é bem maior" explicou. O presidente participou da abertura do simpósio entre coordenadores de programas de pós-graduação da área de biotecnologia e empresários da bioindústria. "Mais que falar, nós da academia devemos ouvir a indústria e as demandas que ela tem a nos fazer", finalizou.
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Simpósio reuniu coordenadores de PPGs da área de Biotecnologia e empresários da bioindústria (Foto: Guilherme Feijó - ACS/Capes)

O evento segue até esta quinta-feira,31, no edifício-sede da Capes e tem o objetivo de incentivar a parceria academia-empresa.

Por meio da palestra "Panorama dos Programas de Pós-Graduação da área de Biotecnologia", a coordenadora da Área de Biotecnologia da Capes para o triênio 2011-2013, Maria Fátima Grossi de Sá, ressaltou o crescimento da área desde a sua criação e a demanda ainda existente hoje. "Em 2008, tínhamos 21 programas, hoje já temos 40 e com uma demanda que não para de crescer", disse. No entanto, completou dizendo que os mesmos motivos que levaram a criação da área são os que hoje ainda precisam ser priorizados. "Precisamos inovar tecnologicamente e consequentemente produzir mais patentes, além de induzir, por meio de disciplinas, o empreendedorismo na academia", disse.

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Para a coordenadora da área de Biotecnologia, Maria Fátima Grossi, o empreendedorismo deve ser induzido na academia (Foto: Guilherme Feijó - ACS/Capes)
A coordenadora ressaltou ainda como fatores indispensáveis ao trabalho conjunto academia-empresa o treinamento dos estudantes com foco em inovação, a indução de cursos de mestrado profissional e a concessão de bolsas nessas áreas estratégicas. No que tange aos investimentos privados, Grossi apontou a importância da divulgação de incentivos e benefícios fiscais relacionados ao financiamento de P&D para os setores acadêmicos e privados e atração de investimentos privados no Brasil apoiando o desenvolvimento da tecnologia, com visão de mercado. "É necessário que tenhamos conhecimento do mercado nacional e internacional para assim priorizar produtos que sejam competitivos para o Brasil", afirmou a coordenadora.


A diretora executiva da FarmaBrasil, Adriana Diaféria, representou o ramos das bioindústrias brasileiras apresentando o panorama nacional das empresas de biotecnologia no Brasil. Adriana citou a clareza e a agilidade no processo regulatório, bem como a discussão sobre o acesso à biodiversidade e o aperfeiçoamento da interação universidade-empresa, entre outros motivos, como fatores críticos ao sucesso do setor de biociências.

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Para diretora executiva do grupo FarmaBrasil, Ciência sem Fronteiras suprirá lacuna de qualificação de profissionais (Foto: Guilherme Feijó - ACS/Capes)

Adriana Diaféria citou ainda o programa Ciência sem Fronteiras como uma das formas de suprir a lacuna de profissionais qualificados na área da Biotecnologia. "A demanda que temos de profissionais casa com a iniciativa e o objetivo que a Capes tem de investir na qualificação internacional por meio do programa Ciência sem Fronteiras", disse Adriana.

Gisele Novais


Publicada por Assessoria de Comunicação Social da Capes   
Quarta, 30 de Maio de 2012 18:17

Fonte: Capes

sábado, 21 de abril de 2012

Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade é lançado no Senado


“O conhecimento seguro sobre a nossa biodiversidade é fundamental para a estruturação de uma economia verde. Não se pode explorar aquilo que não se conhece”, sustentou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, no lançamento do Projeto do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). A iniciativa foi lançada, nesta terça-feira (17), em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal. 
A iniciativa objetiva garantir o uso de dados sobre a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros na elaboração e na implementação de políticas, facilitando e integrando a informação sobre o tema na tomada de decisão e nos processos de desenvolvimento de políticas públicas. Conta com US$ 28 milhões (US$ 20 milhões do MCTI e US$ 8 milhões do Fundo Global para o Meio Ambiente, o GEF, na sigla em inglês), conforme destacou Raupp.
O propósito é consolidar a infraestrutura, os instrumentos, as ferramentas e a tecnologia necessários para qualificar, reunir e disponibilizar online e gratuitamente a informação de biodiversidade contida em coleções de recursos biológicos do país, além de fortalecer as capacidades institucionais para garantir a atualização dos dados e o desenvolvimento de produtos e serviços. 
Em sua explanação, o ministro lembrou que o Brasil é o país com a maior diversidade biológica do planeta, abrigando cerca de 13% de toda biodiversidade conhecida. “O nosso objetivo é consolidar toda essa biblioteca da vida", disse Raupp. "O SiBBr permitirá identificar as melhores opções para a conservação e uso sustentável da biodiversidade brasileira, com impactos positivos para o meio ambiente global", acrescentou. O projeto é coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com recursos do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), do Banco Mundial.

Estratégia

           Raupp ressaltou ainda que a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (Encti) para o período 2012-2015 projeta quatro grandes linhas norteadoras e ações transversais em biodiversidade, voltadas a fomento, conhecimento, monitoramento, manejo, valoração de bens e serviços, mitigação e adaptação a impactos ambientais. 
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, destacou a importância do sistema, que vai integrar os bancos de dados dispersos pelo país. “Esse projeto é de enorme importância para as ações estratégicas do ministério. Vai prestar serviço muito relevante como um grande catalisador, para tornar essa informação transparente e somar valor aos esforços existentes”, afirmou. 
Segundo a diretora do SiBBr, Mercedes Bustamante, o projeto começou a ser desenvolvido em meados de 2011, quando foi criado um comitê técnico consultivo com a participação de órgãos como Ministério do Meio Ambiente, Embrapa, IBGE, Jardim Botânico (RJ), USP e institutos de pesquisa ligados ao MCTI (RNP, LNCC, MPEG, Inpe, Inpa). 
“A ideia é ter, nos próximos dois anos, uma participação efetiva da comunidade científica e de instituições que lideram iniciativas semelhantes para a estruturação do projeto. Esperamos que, no início de 2013, possamos estar com alguns produtos do sistema disponíveis para o grande público”, disse Mercedes, que é também diretora da secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento.
A audiência de lançamento no Sendo teve a presença da representante Nacional do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Denise Hamú, do secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Roberto Cavalcanti, do presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, senador Rodrigo Rollemberg, de pesquisadores e de parlamentares.
                                                                                                                                            
Matéria atualizada em 17/04/2012



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Taxonomia em barras





Utilizando técnica de DNA barcoding, cientistas pretendem catalogar 10% das espécies biológicas do Brasil em quatro anos (Foto: CBOL)

Por Fábio de Castro
Em 250 anos de prática taxonômica os cientistas descreveram cerca de 1,7 milhão de espécies de seres vivos. Mas estima-se que cerca de 87% das espécies existentes ainda são completamente desconhecidas, de acordo com o professor Cláudio Oliveira, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.
Segundo ele, o Brasil está contribuindo para diminuir essa imensa lacuna do conhecimento com o uso da técnica de DNA barcoding – ou código de barras de DNA – que vem se estabelecendo como um padrão global para a identificação de espécies biológicas.
Durante o 7º Simpósio do Programa BIOTA-FAPESP, realizado na semana passada em São Carlos (SP), Oliveira afirmou que, utilizando a técnica de DNA barcoding, a Rede de Pesquisa de Identificação Molecular da Biodiversidade Brasileira (BR-BoL) deverá catalogar 120 mil exemplares de 24 mil espécies em quatro anos.
A rede, coordenada por Oliveira, tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e integra o projeto internacional Barcode of Life (“Código de Barras da Vida, ou iBOL, na sigla em inglês), iniciado em 2004. Os dados coletados são inseridos na base de dados Barcode of Life Data Systems (Bold, na sigla em inglês).
“O objetivo é que, em quatro anos, sejam catalogados 120 mil exemplares na base Bold. Nossa estimativa é que isso corresponda a cerca de 10% da biodiversidade brasileira”, disse Oliveira.
Segundo ele, atualmente são conhecidas – isto é, possuem nome científico – cerca de 50 mil espécies de vertebrados, 800 mil espécies de insetos, 200 mil espécies de plantas com flores. Mas os números das espécies desconhecidas são muito mais impressionantes.
“Estima-se que o número de espécies ignoradas seja da ordem de 10 vezes o número das espécies identificadas taxonomicamente. Os vertebrados são até bem conhecidos: calcula-se que a taxa de desconhecimento seja de apenas 7%. Mas essa taxa é de 15% para as plantas, 65% para moluscos, 80% para protozoários, 90% para insetos e 99% para bactérias, por exemplo. Por isso é fundamental ter um método simples e eficaz de identificação, como o DNA barcoding”, afirmou.
A base Bold tem catalogadas, atualmente, mais de 106 mil espécies descritas em mais de 1,2 milhão de registros de código de barras. O processo é rápido, já que começou há apenas cinco anos. Mas a principal característica é a confiabilidade: com a técnica, os cientistas têm mais de 90% de chance de identificar com precisão as espécies.
“A base Bold preza muito pela qualidade dos dados. Para cada indivíduo há duas páginas de informação e não se trata de informação estática. Se identificamos uma sequência idêntica à que está na base, mas verificamos que o organismo é outro, podemos fazer reparos nos dados. Assim, o crescimento da base de dados apura sua qualidade progressivamente”, disse Oliveira
Erro histórico corrigido
Durante o evento, que foi realizado em conjunto com a 7ª Reunião de Avaliação do Programa BIOTA-FAPESP e a Reunião de Avaliação do BIOprospecTA, Oliveira apresentou uma conferência sobre a aplicação do DNA Barcoding no estudo comparativo de faunas.
Ele descreveu um estudo realizado por seu grupo que, graças à técnica do DNA barcoding, foi capaz de revelar e corrigir um erro taxonômico histórico. Em artigo publicado na revista Zootaxa, os cientistas revelaram que existiam dois nomes para uma única espécie de tainha.
O projeto “Filogeografia das espécies de tainha Mugil liza e Mugil platanus, tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
“A espécie Mugil liza foi identificada em 1836 em Maracaibo, na Venezuela. Em 1880 foi identificada a suposta espécie Mugil platanus, em Buenos Aires, na Argentina. Mas no DNA barcoding, as espécies diferentes de tainha apresentam uma distância genética de quase 20%. Entre a liza e a platanus havia uma distância genética de apenas 0,2%”, explicou o pesquisador.
Antes do estudo, considerava-se que a tainha encontrada entre a Venezuela e Cabo Frio (RJ) eraMugil liza e, dali até a Argentina, o Mugil platanus. Ambas apresentavam, de fato, algumas diferenças morfológicas. 
“A análise genética mostrou que as diferenças eram um polimorfismo ocasionado pela variação da temperatura da água. Essa diferença não tem validade do ponto de vista taxonômico. Trata-se de uma única espécie distribuída no Oceano Atlântico em toda a América do Sul. Em 2010, descrevemos a espécie com seu verdadeiro nome: Mugil liza”, disse Oliveira.
O cientista também coordena o Projeto Temático “Biodiversidade e relações filogenéticas dos gêneros Astyanax, Hemigrammus, Hyphessobrycon e Moenkhausia”, financiado pela FAPESP. 
 


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Curso Internacional de Sementes: Fisiologia e Produção

Acontecerá a partir do dia 24 ao 26 de abril de 2012 o Curso Internacional de Sementes: Fisiologia e Produção.
Esse curso pretende oferecer a estudantes (graduação e pós-graduação), pesquisadores e profissionais da indústria de sementes uma atualização na área com a apresentação e discussão de técnicas atuais (fisiológicas e moleculares) para pesquisas e para a determinação da qualidade fisiológica de sementes.
 O curso também objetiva apresentar e discutir técnicas utilizadas para a melhoria na produção quantitativa e qualitativa de sementes. Os temas discutidos serão abordados por profissionais com reconhecida competência nacional e internacional em suas áreas de atuação.

Maiores informações: FEPAF


Transgênicos geram retorno de até R$ 3,59 para cada R$ 1 investido na semente


          Em matéria publicada Sexta-Feira, 13 de Abril de 2012, às 21:01 pela Barcelona Soluções Corporativas é dito que para o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM), o engenheiro agrônomo e produtor Narciso Barison Neto, poder contar com esse tipo de estudo para auxiliar na tomada de decisão é um diferencial.



          De acordo com o estudo, a cada R$ 1 investido em biotecnologia na saca de sementes em 2011 o produtor obteve, em média, R$ 2,61 de retorno adicional na produção de milho, R$ 1,59 na de soja e R$ 3,59 na de algodão.
         “Pela primeira vez conseguimos calcular o ganho sobre a margem operacional da produção. Com isso, foi possível trazer os benefícios econômicos para uma realidade bem mais próxima do agricultor brasileiro”, explica Anderson Galvão, sócio-diretor da Céleres e coordenador do estudo econômico.
            Para o presidente da ABRASEM, o engenheiro agrônomo e produtor Narciso Barison Neto, poder contar com esse tipo de estudo para auxiliar na tomada de decisão é um diferencial de grande valor para a competitividade do agricultor brasileiro. “Diante da necessidade de alimentar uma população que logo ultrapassará a barreira dos 10 bilhões de pessoas no mundo, é fundamental que o Brasil consolide sua posição de celeiro do mundo. E, para aumentar a produção sem abrir novas áreas, investir em biotecnologia agrícola é o caminho mais lógico”, afirma.

Benefícios ambientais

           Ao analisar os resultados acumulados no Brasil desde 1997 até 2011 e projetar a evolução para os próximos 10 anos, o estudo também avaliou os benefícios da biotecnologia para o meio ambiente e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. A redução do uso de água decorrente da menor necessidade de   aplicações de defensivos e de variedades mais resistentes a pragas, por exemplo, pode evitar o uso de 149 bilhões de litros de água nos próximos 10 anos, aponta o estudo. É um volume suficiente para abastecer 3,4 milhões de pessoas.
         
A redução no número de aplicações de defensivos necessárias nas lavouras, no mesmo período, equivale a 3,8 milhões de toneladas de CO2 que não serão emitidas na atmosfera. A economia de combustível também é significativa: equivalente ao necessário para abastecer 516 mil camionetes (o tipo de veículo mais comum nas lavouras).
            “A agricultura gera impacto ambiental, e é importante poder mensurar a médio e longo prazos como a biotecnologia pode ajudar a reduzir os efeitos e tornar o agronegócio cada vez mais sustentável”, analisa Paula Carneiro, diretora da Céleres Ambiental e coordenadora do estudo socioambiental.

Apoio à tomada de decisão do agricultor

       Além de patrocinar o estudo, a ABRASEM pretende levar essas conclusões para todos os agricultores brasileiros. “Precisamos fomentar o uso de todas as formas de tecnologia na agricultura no Brasil”, defende o presidente da entidade. Segundo ele, o estudo serve para auxiliar o produtor a tomar sua decisão.
      A análise da Céleres mostra que, em 10 anos, a biotecnologia renderá um acumulado de US$ 124 bilhões para a agricultura brasileira. “Mas ainda mais importante do que isso é mostrar que 84% desse valor ficará nos bolsos dos produtores brasileiros”, observa Barison. “Podemos nos tornar mais competitivos, produzir mais, reduzir o impacto ambiental e, ainda assim, ganharmos mais dinheiro”.
          Galvão, da Céleres, explica que, desse total de US$ 124 bilhões, 58% virá do milho, 34% da soja e 8% do algodão. “De fato, o milho GM no Brasil é talvez o exemplo mais bem sucedido de adoção de biotecnologia no mundo. O cereal precisou de apenas quatro safras para atingir o mesmo nível de adoção que a soja, que demorou 10 anos para que três quartos da área fossem cultivados com transgênicos”. Segundo ele, a área global com biotecnologia cresceu 10% em 2010, mas tem ritmo mais acelerado no Brasil.

Estudo chega à quinta edição

          Esta é a quinta atualização do estudo que acompanha os benefícios da biotecnologia na agricultura no Brasil, realizado anualmente desde 2008 para a Abrasem. A avaliação é dividida entre benefícios econômicos, analisados pela Céleres, e benefícios socioambientais, a cargo da Céleres Ambiental. Os resultados se baseiam em pesquisa de campo e entrevista com mais de 360 produtores de soja, milho e algodão espalhados pelo País. Essas são as três culturas com eventos GM aprovados no Brasil que já estão disponíveis no mercado.
          O estudo sempre consolidou os benefícios no acumulado do País, e esse ano buscou ainda aproximar os resultados ao dia a dia do agricultor. “Mensurar o ganho total para o País é interessante do ponto de vista da Economia, mas a conta que interessa mesmo ao produtor é a de dinheiro no bolso”, observa Galvão.



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